Um homem, proprietário de um bar no município de Murici, na Zona da Mata alagoana, foi preso nesta quarta-feira (21) suspeito de dopar e estuprar ao menos três mulheres. Segundo as investigações, as vítimas teriam sido dopadas, filmadas e expostas em redes sociais sem consentimento. A prisão ocorreu durante a operação Dominique Pelicot, coordenada pela Polícia Civil.
De acordo com o delegado Mário Jorge Marinho, responsável pela investigação, o suspeito utilizava o próprio bar como meio para atrair mulheres. O local, que também é a residência do acusado, servia de armadilha: as vítimas eram embriagadas e, possivelmente, dopadas com substâncias ainda não identificadas. Em seguida, eram estupradas e filmadas, muitas vezes inconscientes.
“Nos vídeos, as vítimas parecem até estarem desmaiadas. Elas disseram que o que bebiam não dava para ficar do jeito que ficaram. Elas acreditam que ele colocava alguma coisa na bebida, pois não se lembram de nada depois”, afirmou o delegado.
O caso veio à tona após uma das vítimas procurar a delegacia e denunciar o estupro. Ela contou que voltou ao bar dias após o ocorrido, quando uma terceira pessoa mostrou a ela um vídeo que circulava em grupos de redes sociais. Ao confrontar o suspeito, ele tentou justificar dizendo que ela apenas havia bebido demais, e que ele tinha colocado ela para dormir na cama. Foi a partir desse depoimento que a investigação foi aberta e outras duas mulheres também prestaram queixa, reconhecendo-se nas imagens.
A Justiça decretou a prisão do investigado, além da expedição de mandados de busca e apreensão cumpridos em sua residência, que funciona também como o bar. Durante a ação, os policiais apreenderam celulares, pendrives e outros dispositivos de armazenamento digital. O material foi encaminhado para análise pericial e pode revelar a existência de mais vítimas.
As imagens das vítimas foram amplamente compartilhadas em diversos grupos de amigos do acusado e para vários estados. Algumas das fotos chegaram, inclusive, ao estado do Mato Grosso, no Centro-Oeste do país.
Outro fator que chamou a atenção da Polícia Civil é o fato de que as vítimas conheciam o agressor. Essa familiaridade teria contribuído para que elas não desconfiassem do homem, até se depararem com os registros.
“Sempre a mesma conversa: as mulheres ficam “bêbadas” e ele alega que as leva para a cama para dormir, entretanto, depois do aparecimento dos vídeos, a alegação cai por terra”, completou o delegado.
O nome da operação – Dominique Pelicot – foi escolhido em referência ao francês condenado por dopar e estuprar sua esposa por mais de 20 anos. A escolha, segundo a Polícia, reforça o paralelo entre os casos e destaca a gravidade dos crimes investigados.
A Polícia Civil segue investigando se há outras vítimas e novas denúncias podem surgir à medida que o caso ganha repercussão.